Você consegue imaginar um time ter 20 (sim, vinte) jogos de invencibilidade em sua Liga e ainda assim estar em crise técnica e deixando sua torcida descontente? Pois está acontecendo na Premier League, com o Manchester United.

Os Red Devils iniciaram a temporada 2016/2017 com grandes esperanças de brigar pelo título. Um dos clubes mais ricos do mundo, o United foi buscar o multicampeão José Mourinho para comandar a equipe, procurando deixar pra trás os fiascos dos técnicos David Moyes e Louis Van Gaal, na era pós-Ferguson. Junto ao midiático treinador, o Manchester reforçou o já bom elenco com Bailly, Mkhitaryan, e, especialmente, Ibrahimovic e Pogba (esse, a contratação mais cara da história do futebol).

Porém, Mourinho não consegue fazer o time desempenhar um bom papel dentro de campo. O português fez escolhas questionáveis no seu início de trabalho em Manchester, como bancar a titularidade de Lingard e deixar Mkhitaryan “queimado” e substituir mal durante as partidas. Nas primeiras oito rodadas, jogos com pouca movimentação, sem encanto, derrota em casa para o City e um início de preocupação com o que estaria por vir. Naquele momento, veio o pior: nona rodada, dia 23 de Outubro, Stamford Bridge… um 4 a 0 retumbante sofrido frente ao Chelsea, com direito a “showzinho” de Mou contra Conte, fez o ar de dúvida que pairava no United virar crise. Curiosamente, essa foi a última derrota do Manchester no campeonato. E, mesmo assim, o time não evoluiu, especialmente no setor ofensivo. Prova disso é que em 10 dos 20 jogos sem perder na Premier League, o Manchester saiu de campo levando apenas um pontinho na bagagem. Uma invencibilidade de pouca serventia.

Se o treinador português conseguiu arrumar a casa do meio pra trás, o que fez a equipe parar de perder, o “superstar” errou ao aproveitar pouco e mal  Depay, Schneiderlin e Schweinsteiger, fazendo com que os jogadores deixassem o clube – para Lyon, Everton e Chicago Fire, respectivamente – e, principalmente, insistir com Fellaini, o jogador mais “caneleiro” e sem posição definida que já passou pelos Red Devils. Para um clube gigante, acostumado a jogar Champions League e brigar por títulos, ter como recurso para vencer seus jogos a bola aérea para um grandalhão desengonçado soa como piada. Some aos erros da comissão técnica o fato do United ser o time com o pior percentual de finalizações/gols da Premier League, motivo dos empates por 0 a 0 contra Hull City e Burnley, e do 1 a 1 frente ao Bournemouth, todos no Old Trafford.

Minha cara ao ver o United jogando a Premier League nessa temporada…

Ontem, o Manchester United recebeu o Everton, precisando da vitória para voltar à briga pela Champions League. Mais um jogo pobre, abusando das jogadas aéreas para Ibrahimovic e Fellaini e ainda pecando nas finalizações (até nas cabeçadas!). A derrota e o fim da série invicta só não veio pois Luke Shaw, lateral esquerdo, pegou um belo chute de direita aos 46 do segundo tempo, que parou nas mãos do zagueiro Ashley Williams. O lateral era outro que estava sendo “queimado” por Mourinho, que na semana passada disse que ele “não se esforça nos treinamentos como deveria” e que estava “muito atrás dos outros”, além de ter sido apontado pelo português como o principal responsável pela derrota por 3 a 1 contra o Watford, na sexta rodada. Ibrahimovic converteu a cobrança e o United levou mais um pontinho do Old Trafford.

Agora, os Red Devils estão na quinta colocação no campeonato, quatro pontos atrás do City, primeiro na zona de classificação à Champions e a cinco do terceiro colocado Liverpool. Mesmo com um jogo a menos que o inimigo vermelho e com um confronto direto a disputar com o rival da cidade, o United não dá mostras de que irá melhorar no campeonato e mostrar o futebol que se espera de uma equipe que tanto gastou na janela de transferências para essa temporada e que possui em seu elenco jogadores do maior nível mundial como Pogba, Mkhitaryan, Rooney, De Gea e Ibrahimovic. Mesmo com a conquista da Copa da Liga Inglesa e estando nas quartas-de-final da Europa League, a temporada do Manchester será um fracasso se o time não voltar a participar da maior competição europeia em 2017/2018.

Se a vaga não vier, invencibilidade nenhuma será suficiente para defender o trabalho de José Mourinho no Manchester United.

 

 

 

 

 

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