2016 definitivamente não está sendo um bom ano para a FA (Federação Inglesa de Futebol). Primeiro, demitiu o ex-técnico da Seleção Sam Allardyce, por corrupção, após o treinador receber 400 mil libras para ensinar uma empresa asiática – fictícia, criada por uma TV britânica – a burlar regras sobre transferências de jogadores no país e ainda dizendo que a atitude era recorrente entre treinadores. Depois, o escândalo da epidemia de abusos sexuais nas categorias de base por toda a Inglaterra, com 83 suspeitos em potencial e 98 clubes ingleses sendo mencionados, com estimativa de 343 vítimas homens e 7 mulheres (AQUI, a matéria do portal IG sobre os casos).

Quando parecia que a situação não poderia piorar, mais uma bomba: o jogador Joey Barton, que está voltando ao Burnley na janela de inverno após meia temporada no Glasgow Rangers, quebrou uma das regras mais básicas da Federação Inglesa e foi indiciado pela FA por apostar em diversas partidas de futebol durante 10 anos. Apostas são comuns na Grã-Bretanha e tradicionais por toda a Inglaterra, mas, por motivos óbvios, jogadores de futebol não possuem permissão para jogar. O polêmico meio-campista, que ficou conhecido no Brasil após fazer duras críticas a Neymar, é acusado de apostar em 1.260 partidas, com uma “probabilidade bem alta de haver apostas em partidas domésticas”, segundo a Sky Sports. Ou seja: Barton apostava, inclusive, em partidas da Liga na qual ele jogava profissionalmente. Ele foi punido preventivamente com a pena de um ano sem poder atuar e tem até o dia 5 de janeiro para apresentar sua defesa.

Barton estava voltando ao Burnley após jogar no Glasgow Rangers. Ao que tudo indica, nem entrará em campo por seu "novo velho" clube

Barton estava voltando ao Burnley após ajudar o clube a regressar à Premier League na temporada 2015/2016. Ao que tudo indica, nem entrará em campo por seu “novo velho” clube.

Uma atitude inexplicável de um jogador que já passou por Manchester City, Newcastle e Queens Park Rangers, e que coloca à prova a credibilidade da Liga mais rica do mundo, que potencialmente possui jogadores com interesses maiores do que deveriam ter – o de vencer suas partidas. Mais um grave problema para a FA lidar, em um ano recheado de escândalos. Por outro lado, no entanto, esses absurdos escancarados mundo afora podem ser um pontapé inicial para a FA se mexer e deixar de fazer vista grossa com técnicos e jogadores, que há muito tempo abusam de um sistema arcaico para benefícios pessoais. Se dentro de campo e em estrutura organizacional a Premier League dá aula, a federação do futebol inglês ainda tem muito a melhorar. Que faça isso agora, antes que seja tarde demais.

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