Hoje, Xavier Hernández Creus, mais conhecido como Xavi, anunciou que se aposentará dos gramados ao final desta temporada, com a camisa do Al-Sadd, do Catar. Um momento de tristeza de um fã – até este momento – não declarado, mas sempre atento ao futebol do gênio espanhol.

Se eu pudesse escolher um jogador para ser em campo, dentre todos que já assisti, esse jogador seria Xavi. Gosto de jogar chegando de trás com a bola, de deixar os companheiros na cara do gol, de ditar o ritmo do jogo… Obviamente, não faço isso tão bem quanto o #6 (ou #8, dependendo da camisa que vestia). Xavi pensa o jogo, distribui passes para os companheiros, busca a bola da defesa e faz o time chegar de maneira organizada ao ataque. Joga de terno, tranquilo, como se passeasse em campo, brincando com a bola e fazendo da pelota o seu brinquedo favorito.

Me lembro quando, no alto dos meus 18 anos, um colega de cursinho foi convidar um professor para jogar conosco nas nossas “peladas” de final de semana. Quando o professor perguntou “mas o João ali joga bem?” (duvidando da minha capacidade futebolística), meu amigo respondeu “joga bem? O Joãozinho é o nosso Xavi!”. Cara, eu fiquei feliz demais! Um elogio espontâneo, de quem nem sabia o quanto eu admirava o futebol do espanhol. Um elogio que denota o quanto Xavi marcou época.

Desde cedo esteve na seleção espanhola, passando por todas as camadas de base: infantil, juvenil e profissional. De garoto no mundial de 2002, ao já consagrado – e até apresentando queda de rendimento – atleta na copa de 2014, foi um dos jogadores cruciais para a era mais vitoriosa do futebol espanhol.

Fez uma Euro 2008 assombrosa. Quando eu, ainda garoto, pude perceber sua genialidade. Protegido por Marcos Senna, Xavi encantou, lutou, venceu. Foi dele a assistência decisiva para o gol de Torres. Foi ele o melhor jogador do título que tirou La Roja de uma fila de 44 anos sem títulos importantes.

Se Luis Aragonés conseguiu ajudar a dar ainda mais protagonismo ao pequeno gênio, Guardiola potencializou o talento de Xavi. Enxergou no seu camisa 6 o homem que dita o ritmo da partida. Que acelera quando quer contra ataque, tranquiliza quando quer o tiki-taka. Messi era o alienígena, mas era Xavi o cérebro da equipe que encantou o mundo e empilhou taças.

Na Copa do Mundo de 2010, Xavi não foi o cara como havia sido em 2008. Ainda assim, imprescindível. Terminou a Copa com uma média de incríveis 79 passes por jogo, com impressionantes 93% de acerto. Criou 13 chances em 7 jogos e cometendo apenas 3 faltas. Foi a cabeça pensante da inédita conquista espanhola.

Xavi deixou o Barcelona após a temporada 2014/15, quando o time azul-grená conquistou sua última Liga dos Campeões. Pelo clube, o meia conquistou oito edições do Campeonato Espanhol, três Copas do Rei, quatro Ligas dos Campeões e dois Mundiais de Clubes.

Saiu para viver uma aventura no Catar, promovendo o futebol no país-sede da Copa de 2022. Afinal, quem melhor para promover o esporte do que um dos homens que melhor tratou a bola neste século?

Infelizmente o tempo passa e a aposentadoria chega. Mas o legado deixado por Xavi não irá morrer tão cedo. Não à toa, vira e mexe ouvimos comentaristas dizendo “olha esse menino com a bola nos pés, como joga! É o novo Xavi.” Não, não é. Ninguém será.

O meia espanhol foi único, foi gênio, foi revolucionário.

Gràcies Xavi!

Só podemos agradecer por ter a oportunidade de tê-lo visto desfilar seu futebol em campo.

Comentários

comentário