por João Gabriel Falcade

Golden State Warriors ignora a lógica. Ignora o padrão. Ignora os costumes e ignora os bastiões do basquetebol. O Cleveland Cavaliers valoriza a lógica, valoriza a força, se inspira na tradição do jogo e incendeia seus rivais. Ambos fazem desse jogo, algo muito melhor. Ambos fizeram a final da NBA em 2015 e farão em 2016. O NBA Finals, enfim, conheceu seus protagonistas.

CAVS

Os Cavs chegaram a sua segunda final consecutiva após uma campanha absolutamente arrasadora, irretocável, fantástica. Um globetrotter que amassou rival por rival em sua conferência, não cedendo a eles mais do 4 jogos, as varridas se acumularam, seu Big Three em fase esplendorosa. Ainda que esse final de história não tenha começado com tantos elogios e celebrações. David Blatt comandava o esquadrão chefiado por LeBron James. Reparou no erro que há nessa frase? A disputa de comando entre treinador e craque foi minando a relação de comando nos Cavs. E em 22/01/16 Bron venceu a queda de braço. Tyronn Lue, jovem e estreante treinador encabeçou a nova e ordeira fase dos campeões do Oeste. Fase que alterou o modelo de jogo da equipe que jogava tão internamente, forçando bolas em LeBron James e Kyrie Irving.

Kevin Love, Kyrie Irving e LeBron James. O "Big Three" vive fase espetacular

Kevin Love, Kyrie Irving e LeBron James. O “Big Three” vive fase espetacular

Com Lue, as bolas mais distantes ganharam foco, mais dedicação. A distribuição dos 5 homens espalhados por ao longo do garrafão, o jogo de transição, a busca pelo shooter bem posicionado. As infiltrações frequentes e a ótima defesa fizeram com que esse time chegasse à marca de 25 bolas pra 3 pontos em um único jogo, recorde absoluto da liga. O Cleveland Cavaliers chega em mais uma final em um patamar ridiculamente mais alto do que chegara há um ano. Consistente, arrasador, com seus três homens mais poderosos, Irving, LeBron e Kevin Love, saudáveis e em fases fantásticas, com um ambiente pacífico e com uma rotação eficaz de ótimos coadjuvantes (JR Smith, Thompson, Delly). O poderio desse esquadrão é espetacular. Resta saber se a história também mudará em 2016.

GSW

O fenômeno que arrebentou com todos os recordes da NBA. A máquina de quebrar padrões, de zombar na cara dos recatados do basquete. O time que ri do impossível dia após dia. Que é campeão da NBA e que chega a mais uma final causando espanto e inconformismo em todos os fãs do esporte e, principalmente, em quem não tinha tanta familiaridade com o esporte. Mais do que jogar, os Dubs fascinaram e trouxeram um novo tom na maneira de fazer basquete. Na temporada regular, o GSW venceu o Chicago Bulls de 1992. Venceu Michael Jordan. Polêmicas? Não. Claro que não. Números. Atingiram a maior campanha da história da NBA. 73 vitórias e 9 derrotas. A marca de 72/10 está ultrapassada, está superada. O final da temporada regular foi difícil, a marca foi se distanciando, mas os Splash Brothers, Dray e cia superaram as dificuldades absurdas de buscar algo assim. Batendo o incrível San Antônio, chegaram lá. A primeira parte da história foi feita.

Splash Brothers e Draymond Green são destaques, mas o poder de reposição no banco dos Warriors também faz a diferença

Splash Brothers e Draymond Green são destaques, mas o poder de reposição no banco dos Warriors também faz a diferença.

“Playoff é outro campeonato.” Se há uma frase no basquete que é uma realidade, é essa. Os Warriors perderam Curry, sua mão de magia, na primeira rodada com contusão. Perderam dois jogos, se colocaram em duvida. Venceram a série. Na segunda rodada, o sempre ótimo Lillard fez estragos na moral dos Dubs, mas o retorno de Curry melhorou a situação dos campeões. A final de conferência veio. O OKC veio. Voando. Destruindo. Espetacular. A série se estendeu a um sétimo jogo, se conduziu a um 3-1 em favor de Westbrook e Durant. Com uma confiança aterrorizante, com atuações mágicas de Klay Thompson, o mais belo arremesso de 3 pontos que há na NBA. Com Steph Curry, o MVP unânime da competição, o mais absurdo jogador que há nessa liga e com o time que desafia a lógica, a série foi vencida. Curry merece um parágrafo próprio. Inquestionável, um fenômeno que brinca. Nas horas difíceis, coloca a bola nos braços e decide, não falha, não se precipita. Não é mentalmente frágil como seu rival Westbrook. É frio ao extremo, é técnico ao extremo. É um gênio.

A FINAL

Mais um repeteco. As últimas finais que se repetiram em anos seguidos foram em 1988 e 1989 com Lakers e Pistons (Los Angeles ganhou em 88 e Detroit no ano seguinte), 1997 e 1998 com Bulls x Jazz (dois títulos para Chicago), em 2013 e 2014 com Heat x Spurs (Miami em 2013 e San Antonio em 2014) e 2015 e 2016 com Warriors e Cavs (ano passado deu Golden State). Os jogos se iniciam na próxima quinta-feira, em Oakland, local que abrigará os jogos 2, 5 (se necessário) e 7 (se necessário). Cleveland sediará os jogos 3, 4 e 6 (se necessário). A transmissão na televisão brasileira fica por conta do time da ESPN Brasil e se inicia daqui há dois dias. Palpite: Será uma série FENOMENAL. FANTÁSTICA. Não há favoritos. Se Curry é um gênio há dois anos, LeBron o é há pelo menos 10. São fenômenos. Irving, Love, Klay e Dray são coadjuvantes de luxo. Steve Kerr e Lue são técnicos muito jovens é absolutamente vitoriosos. O físico mais conservado dos Cavs pode ser decisivo. Esse jornalista que vos escreve aposta na vitória dos Warriors em 7 jogos, mas como garantir algo num duelo desses? Uma dica: Não perca NENHUM JOGO. Serão dias incríveis.

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