Incontestável. Raçudo. Com sangue nos olhos. Esse é o time que, comandado por Tite, conquistou uma campanha histórica de oito vitórias consecutivas, a última sendo nesta terça-feira (28) em partida válida pela 14ª rodada das Eliminatórias da América do Sul, na Arena Corinthians, por 3 a 0, diante do indigesto Paraguai. Neymar, Coutinho e Marcelo anotaram os tentos canarinhos que deram o carimbo final para uma arrancada quase heróica que culmina na classificação super antecipada para o próximo mundial de Seleções, com 33 pontos.

O resultado brasileiro apenas oficializa algo que já era absolutamente notável diante das últimas apresentações de nosso time. A seleção brasileira joga com uma organização impecável e extrema competência para decidir os momentos mais intensos dos jogos. No duelo desta noite nada foi além do (ótimo) protocolar. Seguro, sem sustos, com paciência, com muita qualidade individual e com enorme desejo por cada bola, com sangue em cada dividida, a vitória veio natural e apaixonadamente.

INÍCIO LENTO E BRIGADO

Caçado, Neymar foi o expoente inicial do jogo. Saindo da ponta para o meio e abrindo caminho para Marcelo, o camisa dez apanhou um ABSURDO. Principalmente nos quinze iniciais, gerando cartão amarelo para Valdez, lateral paraguaio. Por mais que as jogadas começassem bem, o passe para a finalização insistiu em não sair. Renato, Paulinho e Coutinho tentaram, mas pararam na lenta zaga adversaria. Ponto positivo para a paciência do time, que rodou, rodou, rodou, sem sofrer grandes sustos (um contragolpe e nada mais).

FORÇA AÉREA

As grandes chances do primeiro tempo ficaram centradas nas bolas alçadas para a área. Primeiro, aos 23′, Neymar cobrou falta perigosa que encobriria o goleiro Silva. Na sequencia, Paulinho completou cruzamento de Miranda para outra defesa muito bonita do arqueiro alvirrubro. Do outro lado, Alonso cruzou com veneno para Gonzáles que, por pouco, não emendou a bola para as redes, vindo no costado do adiantado Marcelo. E tudo o que não foi bom, aconteceu pelo lado do madridista.

EI, MARCELO!

O momento do ótimo lateral brasileiro é estranho.  Desde o duelo no Uruguai, principalmente, as atuações baixaram de nível, o gesto técnico já não se mostra tão eficaz como tornou-se sua marca registrada. Apoiou aquém do que se imagina. Atrás, muito espaço, mas algo que conhecemos bem de nosso camisa seis. Deveria marcar melhor, mas habitualmente compensava no ataque. Talvez a Arena Corinthians não lhe faça bem, vide Croácia na Copa do Mundo.. Que seja só uma fase claudicante. (Nunca escreva antes do jogo terminar, rs)

TITE TAKA

Desculpem o trocadilho infame, mas é a forma mais resumida possível de explicar o primeiro tempo do time canarinho. O Brasil de Tite trocou passes, virou jogadas, trouxe seus pontas em facão para o meio, tocando bola, movimentando adversários e criando áreas vazias. Desse modo, com Coutinho puxando a jogada para o centro, infiltrando a bola para Paulinho fazer um pivô, deixando campo aberto para o camisa onze finalizar de perna esquerda, colocadinho, no estilo dele, achando o canto direito de Silva. Golaço que abriu a contagem e premiou o estilo de jogo adotado pelo chefe.

No segundo tempo, com algum espaço cedido pela frouxa marcação paraguaia (marcou em alguns momentos de forma alta, mas ineficaz), o Brasil amassou. Jogou majoritariamente no campo do adversário, somando algumas boas oportunidades que, mais uma vez, por equívocos nas decisões mais agudas, não deram em gol. Mas o segundo tempo teve um nome..

OS LADOS DE UM GÊNIO

Neymar atropelou o Paraguai. Um trator. Desde o primeiro tempo, criou um verdadeiro inferno pra cima de Valdez e de qualquer torcedor rival. No segundo tempo, fez chover, literalmente, na hora em que arrancou mais de trinta metros, deixando tortos os zagueiros que só o pararam com a falta dentro da área. Na marca da cal, o camisa dez parou em Silva, que fez boa defesa. Mas como foi bom perder um pênalti, como foi assustador.

Como um gênio, Neymar poderia se abater ou deixar esmorecer, mas parece ter decidido usar seu arsenal escondido, tirou uma arrancada de quase o campo todo, aos trinta do segundo tempo, deixando sentados os que tentaram pará-lo antes que chegasse, batesse com classe e contasse com desvio para anotar o segundo. Não bastasse, ainda chamou rivais para dançar, tomou porrada para caramba, criou ocasiões  e deu show. Nosso craque está cada vez maior.

ORGULHO EM CORO

O Brasil já vencia por dois a zero, vitória segura, mas existe um tesão deste time que é assombroso. Comandado pelo 10, o time sufocou o Paraguai nos momentos que nada acontece, normalmente. Em jogada de Coutinho, Marcelo calou a boca deste jornalista e mostrou ser só um mau momento mesmo e fez um lindo gol de cobertura. Disso em diante, só ouviram-se gritos de olé, gritos por Tite que, emocionado, agradeceu a IMENSA reverência a ele. Um clima absolutamente empolgante e sinestésico. Lindo de ver. Uma pena que a próxima vez será só em Agosto. É um prazer te ver, Seleção Brasileira.

E quando vencemos, podemos zoar:

OVERBOOKING ARGENTINO

Na busca inglória e inútil de alcançar os comandados de Adenor, Chile, Colômbia e Uruguai disputam ponto a ponto as posições de classificação, sem contar a Argentina que, agora sem Messi, suspenso por quatro jogos, foi derrotada pela Bolívia por 2 a 0 e se complica e terá problemas nas rodadas restantes para conseguir sua sonhada passagem. E Uruguai ainda os receberá no próximo encontro. A coisa tá feia, Patón.

FICHA TÉCNICA:

  • Brasil 2 x 0 Paraguai
  • Data: 28 de março de 2017
  • Hora: 21h45 (de Brasília)
  • Local: Arena Corinthians, São Paulo, Brasil
  • Gols: Coutinho, Neymar e Marcelo
  • Brasil: Alisson, Fágner, Marquinhos (Thiago Silva), Miranda e Marcelo. Casemiro, Renato Augusto e Paulinho. Neymar, Firmino (Diego Souza)
    e Coutinho. Téc. Tite.
  • Paraguai: Silva, Valdez, Paulo da Silva, Verón, Alonso. Riveros, Rojas, Pérez, Almirón e Dominguez. Gonzáles. Téc. Arce

 

 

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